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Já perguntei diversas vezes a mim mesmo se as opções que tomei na minha juventude foram as mais correctas? Questiono-me com frequência quanto à minha competência profissional, humana ou simplesmente como cidadão deste mundo, cada vez mais pequeno.
As respostas serão dadas unicamente após a minha morte. Só aí alguém poderá falar sobre o que fui ou fiz. Se o fizerem…
Não me licenciei, nunca fui grande estudante, nunca soube tocar um instrumento musical, nunca fui grande atleta, nunca soube jogar à bola, nunca soube jogar às cartas, nunca escrevi bem, nunca publiquei um livro, nunca chefiei ninguém, nunca geri uma empresa, nunca… nunca… nunca… fui muito inteligente!
Então o que é que faço que traga valor acrescentado a mim e aos outros? No trabalho obedeço a instrumentos decisores, a normas e directrizes pré-estabelecidas, a ideias de outrem!
Na minha vida pessoal tenho pouca autonomia. Há sempre coisas para fazer, tratar, resolver, arranjar e quase sempre sobre o olhar crítico do cônjuge. O tempo que dedico àquilo que gosto retiro-o quase sempre ao sono, ao descanso de Morfeu.
A idade pesa-me já. Sou demasiado velho para mudar e tomar opções radicais e ainda novo para jamais pensar em dar novos rumos à minha vida.
É aqui que resido o meu actual dilema de vida… Que fazer? Manter-me neste rame-rame que que a Negra me leve ou sacudir a água deste capote que tem sido o meu destino e dar novo estímulo aos dias que me restam?
Tenho aos 55 anos de idade estas (grandes) dúvidas. Como não as terão os jovens?
25 anos.
Faço 25 anos.
O número assombra-me, ecoando maleficamente pelo meu ser, troçando-me. Mas não é uma má idade. Supostamente qualquer pessoa está no seu auge nesta idade. As grandes transformações estão a ocorrer para muitos. Começo a ver os meus amigos alegremente a estabelecerem-se, a arranjar emprego, viver com as namoradas ou mulheres. Até a terem filhos! A evolução das suas vidas enquanto dão o passo final para a fase verdadeiramente adulta do ser humano social e urbano.
E eu?
Eu nada atingi. Não posso dizer que em algum dia da minha vida me tenha sentido útil para outrém, seja profissionalmente ou doutro modo. Toda a minha vida passei num sedentarismo mental egoísta e infantil, esperando que o mundo se adaptasse a mim, às minhas idiossincrasias, às minhas teorias rebuscadas. Nunca achei que tivesse realmente de lutar por qualquer coisa para obter o que quero. Tive sempre tudo dado como garantido, pois a vida era fácil, extremamente fácil! Até recentemente, a minha preocupação era unicamente levantar-me à hora certa e partir para os meus afazeres académicos, sabendo que todos os bens essenciais me estão providenciados sem fazer muito por isso. E nisto habituei-me a uma vida aproximada de boémia, da qual ainda não saí. No entanto, nos últimos tempos tenho-me apercebido o quão toda a minha inactividade geral me prejudicou. Não consigo deixar de fazer comparações com outros, e nessas malditas comparações apercebo-me: sou um traste, no sentido que aparece no dicionário:
Pessoa considerada de pouco valor.
Quem me dera que isto fosse apenas um capricho deprimido de alguém que está amargurado pelas transformações (algumas indesejadas) na sua vida. Infelizmente, tenho todas as razões lógicas e concretas para poder afirmar isto que para muitos terá parecido uma barbaridade deprimente. Para explicar, faça-se a seguinte pergunta: o que é que dá valor a uma pessoa?
Agora, com 25 anos (25 anos!) é que me apercebo que pouco mais sou do que um adolescente de 15, mentalmente. Já não é esperado que alguém como eu não tenha feito tantas coisas que são regra geral. Posso começar com coisas simples: tenho 25 anos e não sei andar de bicicleta, não sei cozinhar, não sei tratar de burocracias (finanças e cartões e papéis e bancos e afins), não sei criar nem apreciar arte, não sei praticar desporto, nunca me meti em sarilhos conscientemente, nunca me embebedei, nunca fumei, nunca experimentei drogas, nunca tive namorada e nunca fiz sexo. Não tenho histórias para contar.
Quem é que no seu juízo perfeito poderia chamar à minha vida de humana? É humilhante poder resumir a minha vida numa frase: "Nasci, fui à escola, fui à faculdade."
Pior de tudo é que não consigo agora encontrar a determinação suficiente para saltar deste entorpecimento da alma. "Já é tarde demais", é o que penso constantemente. "Já não tenho idade para aprender a fazer isto ou aquilo, já o devia ter feito!"
Fui sempre treinado para ser um fraco, fisica e psicologicamente. Por pré-definição, eu espero sempre falhar em tudo o que faço e que farei, o que me impede, por vergonha, de começar actividades novas. Sei que são sentimentos totalmente ilógicos, mas no momento de decisão não é este que aqui escreve que decide, é outro, mais Feio.
Só haveria uma coisa que me poderia salvar. Uma última esperança que me prendesse por um fio ao conceito de humanidade. Acredito piamente que apenas isto poderia fazer-me mexer e procurar ser melhor, procurar ser mais!
O Amor.
Esse crime lógico! Esse sentimento que odiei durante tanto tempo por ignorância, por inveja, por rancor. Esse pulular de corações que me enojava pela sua futilidade e insignificância. Hoje... hoje não anseio por mais nada. Apenas gostaria de saber o que é amar alguém. Não o sei, não o consigo saber. Não será supreendente dizer que, como em tudo o resto na minha vida, este assunto é simplesmente mais um em que falhei. Aliás, um leitor atento poderá ter percebido, pois fui pondo alusões aqui no blog a esse facto, quando sentia que precisava de desabafar futilmente para um teclado. É verdade que pela primeira vez na minha vida tive uma paixão, não recíproca. "Ela", como lhe chamarei, mudou completamente a minha maneira de ver o mundo e finalmente abriu-me os olhos para a carcaça superficial humana que sou, pois estava a querer tratar de assuntos de adulto como se fosse um adolescente. Escrevi aqui alguns textos, e muitas das músicas que aqui coloquei ao longo dos últimos meses poder-se-ão dizer ter sido inspiradas pela situação. Construí grandes esperanças numa relação possível e quando a realidade me atacou, com a sua objectividade tremenda e horrível, aí sim consegui ver que era tudo mentira, que nunca haveria uma possibilidade de um humano atrasado, metaforicamente falando, conseguir sequer o equivalente a um namorico adolescente. Nunca nada consegui senão desgostos ao longo dos últimos meses. Obviamente que este assunto não é o único que me preocupa na minha precariedade, mas foi certamente um dos maiores contribuidores. O facto inegável que nunca conseguirei uma relação, mesmo que o queira activamente, é devastador. Digo isto porque todos os factores apontam para isso, não vejo maneira lógica de poder argumentar que alguma vez isso irá mudar. É uma grande ironia do destino que eu, que sempre desprezei o conceito de amor, tenha sido tão facilmente destruído por ele na primeira e única vez que me atinge.
Até neste blog se vêem estas minhas falhas. Eu, com snobismos que percebo muito de música e que escrevo bem o suficiente para pensar que posso escrever histórias tão estúpidas como as que tenho raramente escrito aqui, e pensar que a música semanal que aqui coloco possa ser relevante para alguém.
Não me iludo mais. Fui felizmente relembrado que estou destinado a falhar em tudo o que faço e que farei. Como tal, vou deixar, por agora, de escrever no blog, fechando aqui a primeira temporada do Bom, Mau e Feio, em que claramente ganhou o Feio. Vou reduzir ao máximo as actividades em que me coloco, já que no fim, são todas fúteis.
Logicamente falando por um momento, posso dizer que talvez quando estas tristezas e amarguras me passarem, eu possa voltar a escrever e a colocar conteúdo aqui. Não sei quanto tempo passará até isso acontecer. Pode ser uns meses, anos!, ou pode ser já para a semana quando esta birra me passar.
No Domingo será colocado o último post musical neste período.
No fundo, no fundo... estou farto. De tudo.
Não são necessárias muitas palavras quando se apresenta uma música dos Deep Purple. Esta apenas tem a particularidade de ser uma música não apreciada de Ritchie Blackmore, o que é estranho, pois o próprio solo instrumental dele permitiria inferir algo diferente.
When a Blind Man Cries, dos Deep Purple:
Avancemos no tempo, para território desconhecido, para um lugar onde os conceitos inabaláveis da Música se distorcem. Hoje vou apresentar um tema de um género de heavy metal que pouco falei aqui:
A terceira geração de heavy metal.
Eu gosto de dar estas designações minhas às divisões que faço das épocas que eu considero principais do heavy metal. Falo constantemente da primeira geração, com Uriah Heeps, Deep Purples, Black Sabbaths, e afins. Depois há a segunda grande divisão, que inclui todos da NWOBHM, e também aquelas bandas americanas com sons mais pesados, portanto, no seu conjunto, falo de Iron Maidens, Metallicas, etc., etc..
A partir dos anos 90, é difícil categorizar, e então tive de criar uma terceira geração de heavy metal. Nesta geração incluo todas as bandas desse tempo que não conheço, por estar tão caturramente aficionado às gerações antigas. Normalmente quando ouço metal desta altura não consigo exactamente gostar, provavelmente por mania e não por falta de jeito dos artistas. Mas há uma excepção.
A única banda que consigo dizer que conheço desta altura são os System of a Down, uma banda cujos membros são arménios (ou pelo menos descendentes). Os seus maiores sucessos foram mesmo nos anos 2000, e o álbum Toxicity ainda sofre alguma rodagem nos meus fones, de vez em quando. Precisamente nesse álbum insere-se a música de hoje, que o conclui.
Aerials de seu nome, não faço ideia do que a música fala, a letra é aberta a interpretação por quem quiser. Por acaso (ou não), sendo a última música do álbum, tem a particularidade de esconder um tema extra secreto, que involve música e instrumentos tradicionais arménios.
Aerials, dos System of a Down:
É um bocado humilhante admitir que só conheci esta música através do filme dos Mercenários, o primeiro. Quando acaba e rolam os créditos esta é a música que acompanha, no momento em que os Mercenários pegam nas motas e mostram-se "gandas badasses" ao guiar para a noite.
Pelo menos é assim que me lembro.
Phil Lynott era o vocalista e baixista dos Thin Lizzy, autores da música de hoje. Apesar de ser irlandês, tinha a particularidade de ser meio preto, coisa raríssima no mundo do rock (bom, deste lado do Atlântico pelo menos). Infelizmente comteu o erro de usar bigode nos anos 70, o que o amaldiçoou a morrer relativamente novo, como é tão comum acontecer aos artistas de bigode... (Freddie Mercury, David Byron, Frank Zappa, Jimi Hendrix (mais ou menos), etc., etc. ). Na verdade admira-me que o Quim Barreiros ainda seja vivo.
Não deixa de ser pena que esta seja mais uma banda em que apenas o vocalista é (mais) conhecido. É um bocado hipócrita o que digo, pois eu próprio só conheço o Phil Lynott de nome. Hei-de voltar aos Thin Lizzy, pois eles têm mais músicas interessantes.
The Boys are Back in Town, dos Thin Lizzy:
... comemoraria 68 anos de idade.
Falo de Freddy Mercury, um dos melhores vocalistas de rock de todos os tempos.
A figura de proa dos Queen, nasceu em Zanzibar morrendo em Inglaterra em 1991, vítima de SIDA.
E como já tudo se falou sobre ele, nada mais tenho a acrescentar a não ser esta música que considero uma das mais belas canções de Freddy.
Nela há uma frase que marca, quiçá, a vida de Mercury: "Forever is our today!"
Para ouvir... e pensar!