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Desde sempre que a Música e certos eventos históricos importantes estiveram de mãos dadas. Seja como uma forma de patriotismo numa guerra qualquer ou num contexto de intervenção política, a verdade é que não se consegue pensar em certas épocas da história sem aludir a certas melodias ou canções.
A Guerra Revolucionária Americana terá sempre associada a Yanky Doodle:
A Revolução Francesa terá sempre associada La Marseillaise, (cuja letra, descobri hoje, tem demasiadas semelhanças com A Portuguesa; e eu a pensar que o nosso hino era original...):
O nosso próprio 25 de Abril tem n mil músicas de intervenção associadas, das quais não colocarei aqui nenhuma com medo que me apareça aqui algum comunista, essa agora, haja decência.
No entanto, há certos eventos histórico-musicais mais pequenos à volta do mundo que ocorrem que passam um bocadinho mais despercebidos. O caso que apresentarei hoje não é o mais grave, mas não deixa de ser um bom exemplo.
Em 1989, os Estados Unidos andavam aborrecidos e lá arranjaram maneira de andar à porrada com o Panamá. Acho que se desentenderam lá o Presidente. Presidente esse, de nome Manuel Noriega, que morreu há uns dias depois de ter estado basicamente preso desde então. No entanto, na altura, prendê-lo não foi um processo totalmente linear. A operação militar que tinha o objectivo de o capturar chamava-se "Nifty Package" e não teve exactamente sucesso imediato. O Noriega refugiou-se numa espécie de embaixada da igreja católica e os americanos não o podiam forçosamente capturar sem causar escândalos diplomáticos e tal.
E toda a gente sabe que os americanos não gostam de causar escândalos.
O que é que os entendidos em psicologia decidiram fazer? Durante vários dias colocaram música rock aos berros numa tentativa de desmoralizar o Noriega a render-se o mais pacificamente possível. A rendição acabou por acontecer, mas nunca ficou estabelecido que a música tenha sido a razão total.
Todas as bandas que tiveram uma música sua a tocar nessa lista de reprodução diabólica marcaram assim, mesmo que involuntariamente, um pedacinho da nossa históriia mundial (por alguma razão, alegadamente, até os Oingo Boingo tiveram direito a tempo de antena).
Mas certamente que os Van Halen nunca pensaram que uma sua música iria ser usada para ajudar a convencer um ditador panamiano refugiado numa instituição católica a render-se. Acredito que foi completamente sem querer que criaram uma música com o nome de um país.
Panama, dos Van Halen:
(P.S.: aparentemente, esta música é sobre um carro; não queria de modo algum implicar que os Van Halen têm um vidente no seu seio)